A Rotura do Ligamento Cruzado Anterior do joelho é uma das lesões ligamentares mais comuns em jovens atletas. Atualmente estima-se uma incidência de rotura do LCA entre 30 a 87/100.000 pessoas/ano. Em 70% dos casos ocorre por traumatismo indireto através de manobras de desaceleração e mudanças rápidas de direção. Encontra-se frequentemente associada a lesão dos meniscos e cartilagem.
O papel do ligamento anterior
O ligamento cruzado anterior (LCA) é constituído por dois feixes que conectam o fémur à tíbia. Trata-se de um estabilizador da articulação do joelho, que permite um movimento normal entre as superfícies articulares. O LCA impede a translação anterior da tíbia em relação ao fémur e contribui para a estabilidade rotacional. Este mecanismo é particularmente importante em alguns desportos de contacto e pivot, como por exemplo o futebol.
Sintomas na rotura do LCA
Aquando do evento inicial, o doente refere, habitualmente, um estalido e dor intensa no joelho. Ocorre a instalação súbita de derrame articular, com incapacidade de carga e dificuldade na marcha sem o apoio de auxiliares. Após a fase aguda, os principais sintomas de rotura do LCA são a instabilidade e sensação subjetiva da falta de força – é como se o “joelho falhasse”.
Rotura do Ligamento Cruzado Anterior: Diagnóstico e tratamento
O exame clínico, através dos testes da gaveta anterior, lachman e pivot-shift, constitui a chave para um correto diagnóstico. Esta lesão pode ser classificada em 3 graus em função da sua gravidade:
- grau I – distensão;
- grau II – rotura parcial;
- grau III – rotura total.
A ressonância magnética é o exame complementar gold-standard para uma correta avaliação e interpretação da rotura do LCA.
O desporto de alta competição levou nos últimos anos a um aumento exponencial do número de casos de rotura do Ligamento Cruzado Anterior, implicando longos períodos de paragem, com repercussões médicas, sociais e económicas para os atletas e respetivos clubes.
O tratamento atual consiste na reconstrução do LCA através de cirurgia artroscópica. Diferentes tipos de autoenxerto (isquiotibiais, tendão rotuliano ou tendão quadricipital) poderão ser utilizados em função:
- características do enxerto
- idade e nível de atividade desportiva do doente
- preferência do cirurgião
A utilização de aloenxerto de cadáver poderá também ser uma opção, sobretudo em cirurgias de revisão ou lesões multiligamentares.
Tempo de recuperação
O retorno à competição está recomendado após 9 meses de tratamento e varia de acordo com a aquisição funcional motora e propriocetiva, mediante a realização de um protocolo de fisioterapia dirigido para reforço muscular e reabilitação. A ausência de tratamento ou o tratamento inadequado desta patologia podem levar ao desenvolvimento precoce de artrose do joelho.